sábado, 26 de novembro de 2011

Retaratos de Familia


Retratos de Família!

         -“Somos a última geração de filhos que obedeceram a seus pais e a primeira geração de pais que obedecem a seus filhos. Os últimos que tivemos medo dos pais e os primeiros que tememos os filhos. Os últimos que cresceram sob o mando dos pais e os primeiros que vivem sob o jugo dos filhos. E o que é pior, os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que nossos filhos nos faltem com o respeito.”
         Quando sou convidado para falar do programa do Amor-Exigente nos encontros organizados por escolas ou igrejas para pais, invariavelmente tenho começado com a frase acima.
         Noto, ao terminar a frase, um certo desconforto entre os participantes. Para os mais vividos, pais acima dos 50 anos e avós, aquele ar de confirmação. Para os pais mais novos há um misto de tristeza e apreensão.
         E continuo:
-“Antes se consideravam bons pais, aqueles cujos filhos se comportavam bem, obedeciam as suas ordens e os tratavam com o devido respeito. E bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Mas, na medida em que as fronteiras hierárquicas entre nós e nossos filhos foram-se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, e, ainda que pouco, os respeitem. E são os filhos que, agora, esperam respeito de seus pais, pretendendo de tal maneira que respeitem as suas ideias, seus gostos, suas preferências e sua forma de agir e viver. Quer dizer, os papéis se inverteram, e agora são os pais que têm de agradar a seus filhos para ganhá-los e não o inverso, como no passado.Isto explica o esforço que fazem hoje tantos pais e mães para serem os melhores amigos e "tudo dar" a seus filhos.
         O que mudou nas relações familiares?

         Porque os pais sentem-se perdidos e não conseguem mais educar os seus filhos repassando esta tarefa para os professores?

         Será que precisamos reinventar a família?

         Será, será, será.....

         Diante de tantas dúvidas, preocupações, medos e culpas, o que precisamos mesmo e de momentos para a reflexão e analise sobre como está o nosso comportamento pessoal, familiar e profissional.

         E o programa do Amor-Exigente, nas reuniões semanais de apenas duas horas, através dos seus doze princípios, nos propõe esta reflexão e um olhar primeiro para nós mesmos, depois, para a nossa casa e para a sociedade.

         A ideia de que a paternidade nos transforma em super-heróis é totalmente falsa, uma vez que nos coloca numa situação em que precisamos extrapolar os nossos limites físicos, financeiros e, principalmente, emocionais.

         Aos poucos vamos perdendo a noção de que pais também são gente e que temos os nossos sonhos e desejos e que não podemos viver apenas para a satisfação dos sonhos e desejos dos nossos filhos.

         Porém é preciso que tenhamos um olhar mais atento e cuidadoso para a nossa casa, nossa família e nossos filhos.

         Muito do que os filhos serão no futuro, está diretamente ligada à forma como foram educados dentro do lar e o quanto este lar foi verdadeiramente uma família.

         É preciso ter em mente que falar em educação é falar de limites, assim como, falar de família é falar de afeto.

         Limites não tem nada a ver com imposição de castigo ou punição. E isto é importante deixar bem claro.

         O castigo está diretamente ligado à paciência e humor de quem esteja querendo aplicar o “corretivo”. Sendo assim, a forma como será aplicada esta “correção” é muito relativo. Portanto, tende muito mais a deseducar a criança.

         O que é ruim pode piorar. Ao aplicar o castigo e ver que “passou da conta”, normalmente bate um arrependimento e um sentimento de culpa, fazendo com que haja o desejo de se redimir. Ai vai haver uma condescendência justamente naquilo que se pretendia corrigir.      

         E ao olharmos com atenção para o retrato do que tem sido a família neste momento vamos perceber que a maioria dos problemas na relação entre pais e filhos, está relacionada à disputa e conflito de poder.

         Os filhos testam a todo instante os limites dos seus pais. Ai, os pais ficam num grande dilema em saber até onde ir sem ser autoritário e até onde deixar de ir sem ser permissivo.

         Este equilíbrio buscado a todo instante, será possível a partir de exemplos vivenciados entre o casal, que servirá de alicerce na educação do filho.

         O exemplo demonstrará que as regras são para todos e não somente para o filho.

         Jamais esquecer que os defeitos dos nossos filhos são filhos dos nossos defeitos.

            E uma dica de como lidar com crianças  e que gosto muito de salientar nos bate-papos com os pais, é o que Içami Tiba escreve no seu livro “Quem Ama Educa”:
 Para o Atendimento Integral a uma criança, são cinco os passos a serem seguidos:
1) PARAR – Parar o que estiver fazendo ou pensando e dar atenção total à criança. Caso não possa parar naquele exato momento, vale colocar uma das mãos no ombro da criança enquanto diz que logo vai atendê-la. A criança deve ficar esperando ali, juntinho de você. É fundamental deixar de lado ideias preconcebidas sobre o que a criança vai falar.

2) OUVIR – É a parte racional. Os pais devem olhar no fundo dos olhos da criança, como se a ouvissem com os olhos. A criança precisa aprender a se expressar. Não se deve tentar adivinhar o que ela quer. Quando pede alguma coisa, ela está desenvolvendo sua capacidade de pensar, de formular uma pergunta e de se expressar para que outras pessoas possam compreendê-la.

3) OLHAR – É a parte instintiva. Tudo o que se percebe visualmente também tem de ser considerado para compreender a criança.

4) PENSAR – Todos os elementos percebidos, tanto visualmente quanto verbalmente, mais o sentido educativo que se queira imprimir na formação da criança, devem fazer farte da resposta a ser dada. Sentido educativo é o objetivo a ser atendido com a educação que está sendo dada.

5) AGIR – Essa ação ou resposta deve ser bem clara e objetiva, saciando o desejo e a necessidade da criança, e estimulando a autonomia e a autoestima.
         Gente, filhos são dádiva de Deus. Jamais serão desgraças ou problemas que atrapalham o nosso convívio familiar.

         No ultimo encontro realizado com pais, que foi uma entrega de boletins na escola, como tinha uma quantidade muito grande de filhos que os acompanhavam, resolvi fazer algo inusitado. Chamei todos os filhos à frente e falei para os pais:

-“Pai e Mãe peço que neste momento olhe para o seu filho. Lembra quando ele nasceu? Lembra quando você o tomou em seus braços pela primeira vez? Lembra quando ele começou a caminhar? Lembra da primeira vez que ele disse Mamãe e Papai? Lembra quando você o deixou no primeiro dia de escola? Você percebeu o quanto ele cresceu? Lembra quantas vezes você disse que o amava? Hoje ele veio até aqui com você Pai e Mãe. O que vocês conversaram até chegar na escola? Como será a conversa depois de pegar o boletim?. Agora para aqueles casais que aqui estão, gostaria que o Pai e Mãe dessem as mãos. Está sentido o calor da mão da sua esposa e a esposa está sentido o calor da mão do marido? Lembra quando vocês pensaram em ter um filho? Hoje ele está aqui. Olhe para ele. Veja o quanto ele é parecido com você pai e mãe.

-Agora você filho olhe para a sua Mãe e seu Pai. Ou só para a sua Mãe ou só para o seu Pai. Quanto tempo faz que você não olha para eles, ou para ele ou ela, e viu que ele ou ela mudaram? Quanto tempo faz que você não conversa com ele ou com ela? Qual foi a ultima vez que você o beijou? Quando foi a ultima vez que vocês sentaram como uma família? Quando foi a ultima vez que você pediu ajuda para eles? Quando foi a ultima vez que você disse que os amava muito?

-Agora peço a vocês filhos que voltem para perto dos seus pais e deem um abraço neles.

         Foi um momento gratificante onde a emoção tomou conta de todos e as lagrimas foram apenas a confirmação do quanto Deus nos ama e quer que sejamos uma família feliz onde o amor esteja presente e seja o alicerce para nos sustentar nas adversidades.

         Um grande abraço a todos e que a paz esteja presente em cada coração que ler este texto.

Sérgio Carlos de Oliveira – Serginho
Coordenados Regional do Amor-Exigente em Santa Catarina

        

        

           

        

        

        

 



        

        










Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Sérgio,
Que bom que você voltou.
Estava constantemente visitando seu blog esperando uma nova publicação.
Vou usar parte deste texto na reunião do grupo de pais do Amor-Exigente, nesta segunda-feira05/12.
Obrigado,
Um grande abraço. Fique em paz.
Jozelise